D.deN.
Destak
C.daM.
"... Agustina também gostava de cultivar essa imagem de senhora doméstica ou não?
Acho que ela se divertia com isso, com os juízos precipitados que poderia infundir nos outros e que obviamente sabia não corresponderem à verdade. Ela não tinha o mínimo complexo em relação às origens. Pelo lado materno, provém de uma família com raízes na aristocracia do Douro; pelo lado paterno, provém de uma espécie de fidalguia liga à propriedade da terra, ou seja, origens rurais. Não se envergonhava minimamente. Penso que essa faceta de senhora doméstica, ou de escritora doméstica, era de facto cultivada, porque Agustina não queria saber do que dissessem. ...
... Logo a seguir, escreve o segundo romance, Os Super-Homens, que será no conjunto da obra, visto hoje, um romance de menor qualidade. Jaime Brasil, na altura crítico do suplemento literário de “O Primeiro de Janeiro”, arrasou o romance. Não o fez por ser um livro fraco do ponto de vista narrativo ou estético, mas porque o considerava imoral e indecente. Chegou ao ponto de afirmar que uma senhora não escreveria páginas como aquelas e indirectamente comparou a autora com uma cabra com o cio. O romance continha várias cenas de sexo, uma referência a um aborto provocado e falava de uma rapariga que se envolve com um rapaz sem estar apaixonada ou ter intenção de arranjar noivo. O crítico achou inconcebível. ..." (ler+)
"... Estreou-se como uma brilhante romancista em 1949, ao publicar a novela Mundo Fechado, mas seria o romance A Sibila, publicado em 1954 que constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento geral. E é com A Sibila que atinge a total maturidade do seu processo criativo.
É conhecido o seu interesse pela vida e obra de um dos grandes expoentes da escola romântica, Camilo Castelo Branco, cuja herança se faz sentir quer a nível temático (inúmeras obras de Agustina se relacionam com a sociedade de Entre Douro e Minho), quer a nível da técnica narrativa (explorou ficcionalmente a própria vida de Camilo). Essa filiação associa Agustina à corrente neo-romântica, como defende Eduardo Lourenço. ..." (daqui)
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