"... Nos últimos meses tenho vindo a juntar alguma informação sobre a minha avó, D. Constança Teles da Gama (Cascaes), nascida em 1877, e que, nos tempos conturbados da 1ª República, desenvolveu algumas acções de caracter humanitário junto dos presos políticos (quase todos eles monárquicos) e suas famílias, que se viram, de um momento para o outro, privados dos mais elementares meios de sobrevivência. A minha avó realizou várias campanhas para angariação de fundos, fundou uma tipografia, interveio diversas vezes junto das “altas autoridades” da época, enfim..... tal foi o barulho que acabou presa no Aljube acusada de conspiração contra a República.
As informações que aqui venho solicitar não são tanto de caracter genealógico mas sim relativas à possível existência de testemunhos, relatos escritos, dedicatórias ou artigos da época que façam referência a este assunto. A título de exemplo posso referir que já tive acesso a duas publicações, se assim se podem definir, chamadas “A Neta do Gama no Aljube” e “Anjo da Caridade”.
Desde já agradeço a todos os que se dignaram a ler esta mensagem e de modo especial àqueles que me possam ajudar na execução deste trabalho.
Pedro Siqueira de Almeida" (daqui)
"... Ocorre-me a passagem por essas masmorras de uma minha tia-Avó, Dona Constança Telles da Gama, a quem presto hoje homenagem e cujo único crime consistiu em prestar ajuda humanitária a soldados dos mais diversos pontos do País que, às ordens de superiores hierárquicos, como é dever de qualquer militar, ali se encontravam presos, por haverem participado nas “Incursões Monárquicas”.
Explico-me melhor: alguns oficiais, sob o comando de Paiva Couceiro, entenderam manter-se fiéis ao juramento a que todos os militares eram obrigados, de combater pelo Rei e pela Pátria, e retiraram-se para a Galiza, de onde tentaram, por mais de uma vez, restituir o Trono a D. Manuel II. Decisão discutível, é certo, mas que competiu apenas aos oficiais. Quanto aos soldados sob as suas ordens, apenas foram culpados de respeito pelas hierarquias, o que os trouxe, após alguns desaires militares, às prisões de Lisboa.
A “criminosa” a que me refiro, ali esteve presa pelos republicanos, acusada de tentar minimizar o sofrimento desses presos anónimos, que se encontravam longe das suas famílias e nas mesmas condições (que não com as mesmas culpas) de que se queixam agora os antifascistas, pedindo e mobilizando pessoas amigas para lhes poder providenciar algumas roupas, medicamentos, tabaco (que ainda não era proibido), bem como estabelecimento de contacto com as famílias, já que muitos nem escrever sabiam. ..."
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